O sensacionalismo midiático para (des)informar sobre as questões envolvendo erro médico
Por Ricardo Munarski Jobim e Gabriel Martins Alves
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E-mail: ricardo.jobim@jobimadvogados.com.br | gabriel.martins@jobimadvogados.com.br
A Revista Superinteressante deste mês (edição julho/2018) estampa em sua capa a seguinte chamada: “Erro médico é mais comum do que você imagina. Ele afeta um em cada dez pacientes, e é a maior causa de morte no Brasil. Entenda como chegamos a esse ponto, e o que fazer para estancar a sangria”. Ilustrando a capa, aparece a imagem (incoerente) de um estetoscópio simbolizando uma cobra naja.
Por óbvio, o erro médico está atualmente em discussão em todo o país, o que impõe aos veículos de comunicação o dever de (des)informar sobre o tema. Não é de hoje que muitos meios de comunicação se aproveitam de temas polêmicos e que estão em alta para buscar satisfazer o público por meio da supervalorização e o sensacionalismo do assunto – mesmo sem a mínima credibilidade da informação –, apenas com o pífio intuito de elevar sua audiência. No caso da matéria veiculada, não seria nada diferente.
Diz-se isso porque definir a profissão médica tendo como base o atual contexto figurativo do “Dr. Bumbum” é generalizar e discriminar os demais profissionais que buscam incessantemente a melhor técnica médica.
Não há como oferecer credibilidade em uma matéria a qual afirma que o “erro médico” é a maior causa de morte no Brasil (?) sem que se verifique a culpa do médico para com o evento danoso, ou levando em consideração todos os fatos que envolvem as condições do paciente no pré e pós-atendimento. É terminalmente superficial e perigoso apontar a “responsabilidade” de uma classe de profissionais com base em casos isolados e que não contemplam a verdade sobre a aplicabilidade da medicina atual.
Portanto, a única conclusão que se extrai da matéria veiculada pela revista é que a cobra naja estampada em sua capa não é tão perigosa quanto o veneno incurável da desinformação.
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